terça-feira, 27 de julho de 2010

Breve história do Blues... "O início"...

Esta é a cantora Mamie Smith... Primeira gravação de um Blues que se tem notícia...
O Blues nasceu como a voz dos escravos dos campos de algodão do sul dos Estados Unidos. Eles cantavam durante os trabalhos nas plantações para aliviar a dureza do trabalho.

Enquanto os negros soltavam suas emoções, os brancos viam o lado prático da coisa. Para os fazendeiros, as work-songs (canções de trabalho) ajudavam a imprimir um ritmo ao trabalho no campo e deixavam os escravos mais alegres. A partir da década de 1860, os spirituals - canções religiosas entoadas pelos negros africanos desde sua chegada à América - sofreram uma mutação fundamental. Além de apelar para Deus, os escravos começaram a curar suas dores de amor através da música.
O Blues é, também, o lamento do andarilho das estradas, o mesmo que chegou até as cidades, adotou o microfone e a guitarra elétrica.
Criado no século passado, ele tomou sua forma final somente a partir de 1900. As primeiras gravações datam dos anos 10. Mas o Blues esperaria um pouco mais para florescer graças ao talento de Big Bill Broonzy, Bessie Smith, Muddy Waters, Otis Spann, Bo Diddley, B.B. King, Lowell Fulson, John Lee Hooker, Howlin Wolf, Sonny Boy Williamson, Memphis Slim e Buddy Guy.
A transgressão não estava somente na conotação amorosa e sexual das letras do Blues. No formato musical, o estilo também marcou uma ruptura.
Fugindo da complexidade do Jazz e da rigidez dos eruditos, o Blues nasceu como uma música crua.
Com uma base harmônica quase simplória, o estilo disseminou-se rapidamente pelo sul dos Estados Unidos. Tocar e cantar o Blues era, teoricamente, simples. Mas o que transformava um mero curioso num verdadeiro bluesman era o sentimento que ele colocava em sua interpretação.
No final do século XIX, a alta taxa de natalidade provocada pela emancipação dos escravos proporcionou outros tipos de trabalho aos negros. Muitos deixaram o campo e partiram para a periferia das grandes cidades do sul, como Chicago, Memphis e a região do Delta do rio Mississipi, nos estados de Arkansas, Tennessee, Alabama, Luisiana e Mississipi, para trabalhar nas primeiras metalúrgicas e refinarias do país ou em canteiros de obras.
Mas a maior parte deles foi parar nos entrepostos de algodão e tecidos. Esse movimento em direção às cidades do sul atingiu seu pico entre a virada do século XX e o final da primeira Guerra Mundial (1914-1918).
A formação de guetos foi inevitável. Neles, os negros ralavam, sofriam e também se divertiam. A procura por prazer em prostíbulos, bares e casas de jogo tinha um ponto em comum: a música. Neste ambiente, explodiu a revolução do Blues urbano.
Quando conseguiam descolar instrumentos musicais, os negros tocavam o banjor, um ancestral do banjo de origem africana, e o fiddle, espécie de violino trazido para os Estados Unidos pelos irlandeses. O violão apareceria logo depois, graças à influência espanhola vinda do México.
Os primeiros bluesmen profissionais formam uma categoria à parte. Incapacitados para o trabalho manual, cegos e deficientes encontravam na música seu meio de vida. Blind Lemon Jefferson, Blind Willie McTell e outros tantos Blinds (cegos) começaram assim. Também nascia a tradição do músico itinerante de vida na estrada.
O primeiro Blues a virar disco foi gravado em Nova Iorque pela cantora Mamie Smith, em 1920.
"Crazy Blues" superou todas as expectativas, vendendo 75 mil cópias por semana. Uma coisa fenomenal, para a época. Com o estrondoso sucesso, Mamie voltou ao estúdio três vezes em três semana e virou febre!
E na cola vieram grandes sucessos de vendas de discos, como as cantoras Bessie Smith, Geertrude Ma Rainey e Alberta Hunter.
Até a segunda Guerra Mundial (1939-1945), o mais importante celeiro do Blues era a região do Delta do Mississipi. Ali surgiram bluesmen fundamentals como Charlie Patton, Tommy Johnson, Son House, Skip James, Big Joe Williams e o lendário Robert Johnson.
Para alguns historiadores, o que fazia o Blues do Delta ser único era a forte influência africana, com um ritmo sincopado, mascado pelos pés, o uso do falsete nos vocais, repetições de um mesmo acorde e o uso de um truque que viraria uma marca registrada do gênero: o slide.
Deslizando o gargalo de uma garrafa ou um pedaço de osso - mais tarde, tubos de metal também seriam usados - sobre as cordas do violão, o músico conseguia um efeito inédito no instrumento.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, o panorama social começou a mudar nos estados do Sul. Graças à entrada de negros nos quadros militares, surge uma promessa de integração racial. Pura ilusão. Encontrando o mesmo cenário na volta para casa, os negros passaram a se isolar cada vez mais em bairros próprios e nasce uma consciência racial que desembocaria nos movimentos pelos direitos civis dos anos 60.
No mundo da música, o esquecido Blues regional cede espaço para um som nitidamente urbano, marcado pela presença de um novo ingrediente: a guitarra elétrica.
Novas gravadoras abrem suas portas e outros bluesman passam a dominar a cena. Em Memphis, agora a capital da região do Delta do Mississipi, garotos como B. B. King, Elmore James, Sonny Boy Williamson e Howlin' Wolf dão seus primeiros passos. Em Chicago, surge outra leva de gênios.
B.B.King Lá nasceu a parceria de Muddy Waters e Willie Dixon, que rendeu frutos como os clássicos "Hoochie Coochie Man", "Mannish Boy" e "Rollin' and Tumblin'". A cidade Aina viu surgir Little Walter, Otis Rush, Magic Sam e Buddy Guy.
Enquanto isso, o solitário John Lee Hooker levanta sua voz em Detroit. Cada um à sua maneira, todos deixaram sua marca na história do blues.
Mas os Estados Unidos estavam mudando. Nos anos 50, o rock'n'roll explode.
A partir desta fase, o estilo criado pelos escravos do sul dos Estados Unidos começou a ser um ingrediente obrigatório na receita de inúmeros cantores e bandas de Rock. De Elvys Presley a Janis Joplin. De Roling Stones, Led Zeppellin a Deep Purple, passando por The Doors, Creedence Clearwater Revival e The Who, todo mundo sofreu alguma influência do blues, culminando com Jimi Hendrix e Eric Clapton, estes em diversas formações de banda ou em carreira solo.
De resto, é colocar o CD ou DVD no aparelho e dar o play...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

As encantadoras GAITAS...

A gaita ou Harmônica como nós a conhecemos hoje, foi inventada na Alemanha no Século XVIII.Contudo o conceito de um instrumento com palhetas livres possa ser encontrado há milhões de anos na China e sudeste da Ásia.


Foi em Berlim, em 1821, que Friedrich Bushman, aos 16 anos inventou a AURA, para estudar a influência da corrente de ar no som. Sua invenção era essencialmente um conjunto de quinze diapasões, todas notas sopradas, conectadas a uma armação de metal.

Alguns anos depois, um produtor de instrumentos em Bohemia, chamado Richter, melhorou o design da desajeitada Aura. Ele fez uma estrutura de 20 notas, dentro de dez orificios, ou seja, 10 notas sopradas e 10 notas aspiradas, estas mudanças somado a estrutura do instrumento foi verdadeiramente a primeira gaita ou harmônica como nós a conhecemos hoje.

Em 1827, um relojoeiro chamado Christian Messner começou a fazer harmônicas como uma linha opcional, na pequena cidade de Trossing, Alemanha.Em breve vários outros relojoeiros da área, muitos deles parentes de Messner, estavam tambem produzindo harmônicas como um negócio opcional.

Mas nesta mesma cidade, um jovem relojoeiro de 24 anos chamado Mattias Hohner, resolveu produzir harmônicas como seu principal negócio, produzindo assim 650 instrumentos no primeiro ano. O que distinguia Hohner dos outros fabricantes daquela época era a alta qualidade dos instrumentos aliada a uma grande visão de marketing, pois todas as gaitas fabricadas por ele tinham sua marca estampada.

Em 1888 as gaitas Hohner foram para os EUA e foram largamente distribuídas sem dúvida por serem baratas, pequenas e fáceis de se tocar. Talvez por essa razão, elas foram tão bem recebidas entre a população negra. Ainda hoje a Hohner é o mais influente fabricante de gaitas, já tendo produzido cerca de 1.500 modelos diferentes de harmônicas. O mais caro foi fabricado fora de série, especialmente para o Papa Pio XI, todas as peças de metal, com exceção das palhetas eram de ouro maciço. Um dos modelos mais curiosos era acompanhado de um cordão para que os africanos, que não usam bolsos, pudessem pendurá-las no pescoço.

No Brasil, a história da gaita começa em agosto de 1923, um imigrante alemão chamado Alfred Hering, fundou a empresa Gaitas Alfred Hering em Blumenau - Santa Catarina, e começou a produzir as Harmônicas Hering.

Após a morte do Sr. Hering, em meados de 1960, a empresa foi vendida para M. Hohner Company, de Trossing, Alemanha. Muita tecnologia foi trazida da Alemanha e introduzida no Brasil, melhorando assim cada vez mais a qualidade do instrumento.Em 1979, um grupo de brasileiros comprou a Hering e M. Hohner deixou o Brasil.


Sou suspeito para falar, mas a gaita é o instrumento mais fantástico que existe. Cabe na bolsa, no bolso... E tem uma sonoridade incrível! Além de ser a princesinha do Blues e Country, cai bem em qualquer estilo. Salve a gaita!!! E em especial, a Hering harmônicas.